terça-feira, 2 de março de 2010

Prazer e desventura

terça-feira, 2 de março de 2010
Estou morrendo de amor.
Sim, morrendo por amor, por esse sentimento que não mata.
Me perdi no fascínio dos seus olhos, surpreendido, encontrei-me louco pela luz castanha remanescente da sua face dourada.
Era perceptível que aquele calor sonoro de festa orquestrada e flores coloridas surpreendia-me no ambiente em que a conheci.
Estava linda pairando no ar como uma bailarina.
Dançava, perdendo-se no brilho de sua sincera simpatia, o eixo era a cintura breve que vinha como ponto de equilíbrio para aquela postura de garça amante.
E ela nem olhava, nem ligava para a minha insignificante figura de plebeu.
Era rosa, rosa cor de Rosa, o laço de fita que se encontrava preso nas mechas escuras do cabelo mal definido.
E eu podia sentir paixão invadindo meu peito e me prendendo nos meus sonhos. Amordaçado em devaneios, a ilusão se dissipava enquanto a festa chegava ao fim.
Nobre fim!
As luzes se acendem e eu me encontro no chão, parado, vidrado na bela dama.
Se não é amor, como explico a dor horrível que sinto ao vê-la partir?
Apenas corrói o sangue que vejo transbordar pelo seu colo aberto.
Sua face agora branca como pluma de inverno perde a graça de menina mulher que me encantara.
Olho para minhas mãos e encontro o motivo da tragédia.
Se ao menos ela tivesse notado a minha presença poderíamos ter vivido um eterno romance.
Mas, ao contrário disso, morremos por amor, “e desse amor se morre!”.



“Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!”


do poema “Se se morre de amor”
(de Antônio Gonçalves Dias)
 
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